Monday, January 08, 2007

A Bolha - É só Curtir -

À Um Passa à Frente desde 1.973
É incrível a história de A Bolha, que iniciando como The Bubbles, passou de um mero conjunto de bailes da zona sul do Rio de Janeiro, para se tornar no período de quatro anos em um dos melhores e mais pesados grupos de rock do seu estado. Depois, arriscaram tudo e deram o salto, investindo mesmo contra os conselhos de empresários, em repertório e imagem própria. Tornam-se então A Bolha, que com algumas mudanças cruciais de integrantes, pavimentam o caminho para futuras bandas como Modulo 1000 e Veludo Elétrico, além de seus integrantes fundarem posteriormente outras bandas de maior êxito comercial como A Cor do Som, Herva Doce e Hanói Hanói.
A história de A Bolha começa com as aspirações musicais dos irmãos Cesar e Renato Ladeira. Em uma viagem com os país aos Estados Unidos, os dois adolescentes se vêm pegos em meio ao turbilhão da Beatlemania. Com noções de violão, passam a se dedicar ao instrumento com mais afinco. Com a intenção fixa de formar um conjunto, encontram nos amigos Lincoln Bittencourt e Ricardo Roriz (depois Ricardo Reis) a formação ideal. Nasce portanto, The Bubbles.



The Bubbles (65-70)
Renato Ladeira - guitarra, teclados e vocais
Cesar Ladeira - guitarra
Lincoln Bittencourt - baixo
Ricardo Roriz (Ricardo Reis) - bateria
O próximo passo foi eletrificar a banda, todos investindo em guitarras elétricas, além do infalível órgão Farfisa. Junto com Renato e Seus Blue Caps, The Fevers, The Clevers e outros daquele período, The Bubbles tornam-se uma boa e respeitável banda de baile, atuando em clubes sociais e festas escolares. Com um repertório típico dos conjuntos de baile da época, oferecem horas de agito nos sábados com fartas dosagens de Rolling Stones, Beatles, no melhor estilo Iê- Iê- Iê. Com um contrato com a Musidisc, lançam o compacto “Não Vou Cortar o Cabelo” que é uma versão em português de "Break It All" do The Shakers. O lado B segue a mesma lógica, oferecendo uma versão de “Get Off Of My Cloud” dos Rolling Stones chamado “Porque Sou Tão Feio”.
A popularidade do grupo vai crescendo, assim como a habilidade do conjunto de imitar com mais afinco, a sonoridade de suas bandas prediletas. Essencialmente uma banda de zona sul, passam rapidamente a cobrir e ser aceitos também na zona norte e subúrbios. O repertório passa a ficar cada vez mais diversificado, mudando conforme os tempos. Em 1968, o irmão mais velho Cesar Ladeira deixa The Bubbles para se dedicar ao cinema. Acabaria se formando e seguindo uma vida próspera trabalhando na área da publicidade. Em seu lugar veio Pedro Lima, um guitarrista com um gosto por rock mais pesado. Não demoraria para Lincoln Bittencourt também deixar o grupo, sendo substituído então por Arnaldo Brandão de dezoito anos, que tocava na banda The Divers. Em final de 1969, foi a vez de Ricardo Reis deixar o grupo. Com um show importante marcado no Clube Monte Líbano, A Bolha servindo como banda de apoio para Sergio Mendes, Ricardo foi substituído inicialmente por Johnny (?). No entanto, o pai (americano) de Johnny não permitiu que seu filho se envolvesse seriamente com rock e o obrigou a deixar o conjunto e se dedicar mais aos estudos. Com calma e mais tempo para procurar alguém à altura da seriedade que a banda precisava, encontram Gustavo Schroeter que tocava na banda The Cougars. Com a nova formação, The Bubbles se transformava em um conjunto bem mais pesado. Seu repertório passava a incluir Cream, Hendrix, e mais tarde Grand Funk e Black Sabbath. Ainda basicamente um conjunto de baile, e portanto limitados a tocar conforme a exigência do mercado, foram cada vez se apresentando menos na zona sul e se concentrando mais na zona norte e subúrbio do Rio de Janeiro. Por saber identificar com perfeição as necessidades de seu público, que é essencialmente manter um pique de agito para a galera poder dançar, The Bubbles rapidamente passou a ser identificado como uma das melhores e mais respeitadas bandas de baile da cidade.
De uma banda capaz de atrair facilmente cerca de trezentos a quatrocentas pessoas em apresentações em colégios, para atrair quinhentas a mil e quinhentas pessoas em bailes, The Bubbles já atraem por volta de cinco mil pessoas em apresentações nos fins de semana. Em 1970, são contratados como banda da cantora Gal Costa, em show na boate Sucata RJ, dirigido por Jards Macalé e Hélio Oiticica. Em meados do mesmo ano, visitam Caetano e Gil na Inglaterra durante o período de exílio dos dois baianos. Enquanto lá, assistem o festival na Ilha de Wight, série de apresentações que terá grande impacto sobre a banda e influência na música que passarão a fazer dali em diante. Ao retornar para o Brasil, mudam a referência musical da banda passando a ser mais voltados ao blues-rock pesado. Começam também a compor seu próprio material. Pouco depois, mudam de nome e passam a se chamar A Bolha.

A Bolha (70-78)
Renato Ladeira - guitarra, teclados e vocais
Pedro Lima - guitarra
Arnaldo Brandão - baixo
Gustavo Schroeter - bateria
O primeiro show do A Bolha foi em Niterói para um público de cinco mil pessoas. Tudo em relação à banda pegou todos no baile de surpresa. A diretoria do clube promoveu a noitada como The Bubbles direto de Ilha de Wight, ignorando completamente a informação dada com antecedência de que a banda havia mudado de nome. E durante o show, tocando apenas o repertório novo, que por sinal eram composições novas que ninguém conhecia. O resultado foi desastroso seguido por abandono do salão. Ao final do show, haviam menos de quinhentos marmanjos assistindo curiosos enquanto suas namoradas resmungavam. Ninguém dançou.
Passaram a tentar se apresentar em teatros porém o dinheiro arrecadado na bilheteria muitas vezes mal dava para pagar o aluguel do local. A aceitação da nova proposta da banda e novo repertório, eram nestas ocasiões bem maior, porém o grande público de A Bolha continuava sendo o público de bailes, querendo dançar nos sábados a noite.
Uma realidade de mercado obrigou a banda a rever suas concepções iniciais. Procuram um meio termo montando um repertório híbrido e banindo várias das canções novas do grupo em palco. Ao mesmo tempo, procuravam aproveitar os ensaios para os aperfeiçoar cada vez mais.
Surge então a oportunidade de se apresentarem no Festival Internacional da Canção FIC em 1971 defendendo a música “18 e 30” de Eduardo Souto Neto e Geraldo Carneiro. A música não se classifica para a final mas o grupo ganha o prêmio de melhor banda do festival sendo ovacionada pelo público no Maracanãzinho. Lançam assim em 1971, um compacto simples pela gravadora Top Tape com as músicas, “Sem Nada” e “18 e 30”.
A terceira formação de A Bolha seria montada então no final de 1972. Arnaldo deixa o grupo e vai para Londres estudar música. Na volta passa a acompanhar Raul Seixas, Jorge Mautner e depois Caetano Veloso, já como membro da banda A outra banda da Terra.


A persistência do grupo em investir no próprio som e na própria imagem é paga quando conseguem um contrato com a gravadora Continental para o que se torna o álbum de estréia da banda. Intitulado “Um Passo À Frente,” o disco se propõe a ser exatamente isto. Lançado em 1973, o disco oferece sete faixas, todas composições próprias.


A formação então passa a ser:
Renato Ladeira - guitarra, teclados e vocais
Pedro Lima - guitarra
Lincoln Bittencourt - baixo
Gustavo Schroeter - bateria
Infelizmente esta formação dura apenas um ano. A Bolha vê 1974 chegar tendo que montar uma nova cozinha. Gustavo deixaria o grupo para se juntar à nova encarnação do Veludo, antigo Veludo Elétrico. Já na nova encarnação de A Bolha, no baixo entra Marcelo Sussekind no lugar de Lincoln, enquanto na bateria chega Léo César (Analfabitles).
Nova formação:
Renato Ladeira - teclados e vocais
Pedro Lima – guitarra
Marcelo Sussekind - baixo
Léo Cesar - bateria
Em 1976 é a vez de Renato deixar a banda, Sérgio Herval assume a bateria no lugar de Léo, Lincoln volta e a banda se prepara para gravar o seu segundo álbum, agora pela gravadora Polydor. Este, ao contrário do anterior, apresenta várias versões de composições conhecidas, velhos roques da Jovem Guarda, além das composições da banda. Um reflexo desta direção está no nome “É Proibido Fumar”, titulo de um rock clássico de Roberto e Erasmo.




A formação da banda então segue com:
Pedro Lima – guitarra
Marcelo Sussekind - guitarra
Lincoln Bittencourt - baixo
Sérgio Herval – bateria e vocais
No mesmo ano, todos os integrantes de A Bolha se associam ao Erasmo Carlos, para a sua turnê. A banda seria:
Erasmo Carlos - vocais
Renato Ladeira - teclados
Pedro Lima – guitarra
Marcelo Sussekind - guitarra
Lincoln Bittencourt - baixo
Sérgio Herval - bateriaEm 1978, A Bolha encerra definitivamente suas atividades. Com treze anos de existência e dois discos de pouca vendagem, tornam-se um exemplo clássico de como era difícil sobreviver fazendo rock na era pré Rock ‘n’ Rio. Quase todos os seus integrantes tiveram carreiras
significativas no meio da música, muitos conhecendo sucesso nacional em outras bandas.
Renato Ladeira – Bixo da Seda, Herva Doce e produtor musical
Pedro Lima – Túnel do Tempo
Marcelo Sussekind - Herva Doce, produtor
Sérgio Herval - Roupa Nova
Arnaldo Brandão - Outra Banda da Terra, Brylho da Cidade e Hanói Hanói
Gustavo Schroeter – Veludo, Porque Sim e A Cor do Som.

Em resumo

No início dos anos 70 com:
Renato Ladeira - guitarra, teclados e vocais
Pedro Lima - guitarra
Arnaldo Brandão - baixo
Gustavo Schroeter - bateria

E agora juntos para lançar o disco (CD) que gostariam de ter gravado naquela época. Se reuniram a principio para gravar músicas para o filme “1972” de José Emilio Rondeau e Ana Maria Bahiana, Renato assina também a produção musical e trilha do filme, e acabaram encontrando num baú do Arnaldo, todas as letras daquela época, algumas com o carimbo da Censura Federal, e terminaram gravando o CD inteiro, que conta com a participação de Erasmo Carlos numa faixa.

Discogafria

The Bubbles - 1966 - Musidisc (compacto)
A Bolha - 1971 - Top Tape (compacto)
Um passo a frente - 1973 (LP)
É proibido fumar - 1977 (LP)



“É SÓ CURTIR” O CD (2006)


1 – É só curtir – (Pedro Lima/Arnaldo Brandão)

Música que dá nome ao CD, abre o filme “1972”, foi proibida pela Censura Federal porque não poderíam usar a palavra “curtir”. Pedro canta.

2 – Não sei – (Arnaldo Brandão)

Rock pesado, com ares dos anos 70. Renato canta.

3 – Cinema Olympia (Caetano Veloso)

Arranjo feito em homenagem à época que eles tocavam com Gal Costa. Música do repertório dela no show da boate Sucata RJ 1970. Renato canta.

4 – Sem nada – (Pedro Lima)

Essa talvez seja a música mais conhecida do grupo. No filme “1972” eles aparecem tocando (uns garotos dublam) no Marabú Tênis Clube. A força do riff de guitarra aliada ao peso da bateria é a marca principal dela. Renato canta.

5 – Sub entendido – (Arnaldo Brandão)

Rock marcante bem ao estilo Rolling Stones, que era a marca da banda na época. Também fazia muito sucesso. Arnaldo canta.

6 – Não pare na pista (Raul Seixas/Paulo Coelho)

Quando foi lançada pelo Raul, essa música tinha o acompanhamento de Gustavo, Arnaldo e Pedro. Regravaram com o mesmo arranjo só que desta vez os quatro da banda cantam.

7 – Mater matéria (Pedro Lima/Cláudio Carvalho)

Uma das primeiras músicas a serem compostas por Pedrinho Lima e também a serem tocadas pela banda. Existe um registro em filme (Som Alucinante) deles tocando no Anhembi para umas 100 mil pessoas, na gravação do programa Som Livre Exportação que fazia muito sucesso na época. Renato e Pedrinho cantam a mais romântica do disco.

8 – Cecília – (Arnaldo Brandão)

Rock com influência de Led Zeppelin cantado por Arnaldo. Atenção para a guitarra wha wha de Pedrinho.

9 – Você me acende (Ian Whitcomb) versão Erasmo Carlos

Com um arranjo bem ao estilo Stones (primeiro disco) Renato e Erasmo dividem os vocais para Pedrinho arrebentar nos solos de guitarra.

10 – Rosas – (Arnaldo Brandão)

Música que foi lembrada por Lulu Santos e que fazia o maior sucesso na época. Rock pesado com riffs de guitarra, solo de gaita e voz de Renato.

11 – Desligaram meus controles – (Arnaldo Brandão)

Esta música retrata a influência que eles tinham do Pink Floyd. Eles tocavam nos shows em teatro, e chegava a durar de vinte a trinta minutos. Era uma “viajem total”, sucesso absoluto. Aqui no CD uma versão de 11 minutos com Arnaldo cantando.



Renato Ladeira



Cifras
A Esfera – A Bolha

Intr. D C Bb A G D 2x
D __________________C
Vivo e sigo a esfera que me espera,
_____________Bb_____________________ A
Indo agora a porta afora, vendo sempre para onde eu vou.
______G___________ D
Sonho tanto em pouco tempo.

D____________________ C
De uma essência luminosa, tão sutil e cristalina,
_Bb_______________ A_______ G____________ D
Esfera da verdade, em caminhos pelo tempo em qualquer canto.

A____________________________ D
Nave tão longínqua atrás das sombras do infinito
__________Bb___________ C
Buscando no escuro uma luz a refletir,
G _______F_______ A____A4___ A
Ou uma resposta que pudesse se amar.

D___________________ C
Fantasmas de um passado, vivendo em um talvez,
____Bb______________ A ________G______ D
Não vendo a luz do amor destroem com a inveja sua dor.

A____________________ D
Nave tão longínqua atrás das sombras do infinito
Bb ____________________C
Buscando no escuro uma luz a refletir,
G_______ F _____________A
Ou uma resposta que pudesse se amar.

____A______________________ D
Aqui antes e depois uma trindade em matéria,
____Bb _________________G
No ângulo de um triângulo de um plano horizontal.
C _________________C#____________ Eb
Saio e vou por dentro e essa mágica é que leva à passeio,
___F _______C__ _______A
Através do universo da imaginação.

__A ______________________D
Lei do circulo eterno do saber em evolução,
______Bb___________________ Gm
Como a chama de uma vela, ante à um espelho, uma procura,
__C ______________________C#
À mim mesmo e ao meu segredo, na esfera eu imagino,
_______Eb________________ F _______C ____A
Em pensamento eu me transporto à consciência da realização.

Discos para Download
A Bolha – Um passo à Frente – 1973 http://www.badongo.com/pt/file/1535996
A Bolha – É Proibido fumar – 1977 http://www.badongo.com/pt/file/1535997
Vídeo (feito para o filme 1972)
Entrevista do Jornal O Globo
A Bolha volta no tempo e pensa no futuro
Reunida para gravar trilha do filme '1972', banda de rock que fez sucesso nos anos 70 retoma sua história

Ao selecionar as músicas para a trilha de seu filme, “1972”, Ana Maria Bahiana e José Emílio Rondeau esbarraram em um problema técnico: os direitos autorais de músicas dos Stones e outros artistas internacionais inviabilizavam a produção. A solução encontrada foi pinçar apenas músicos e bandas nacionais que fizeram a cabeça, assim como outros baratos da época, de uma juventude de cabelos compridos e calças boca-de-sino.

Nesse processo, Rondeau lembrouse da principal banda daqueles tempos: A Bolha, que dos bailes na Zona Sul ganhou o subúrbio em shows em Bangu, Marechal Hermes, Piedade etc. que reuniam milhares de pessoas, embaladas pelo som de Led Zeppelin, The Doors, Stones, Grand Funk, Jimi Hendrix e outros. As duas músicas gravadas no disco, a riponga “É só curtir” e psicodélica “Sem nada”, fizeram com que a banda embarcasse em uma viagem, essa sem aditivos extras, de volta àqueles tempos.

Os músicos aproveitaram reencontro no estúdio e gravaram as outras nove faixas do disco “É só curtir” (Som Livre).

No início, eram The Bubbles e tocavam “covers” — Estamos muito felizes com este momento. Tem sido uma volta no tempo mesmo.

Relembramos episódios muito bacanas da nossa trajetória.

No nosso primeiro ensaio, olhamos um para a cara do outro, e as músicas foram saindo de primeira, como se nunca tivéssemos deixado de tocar juntos — conta Renato Ladeira, guitarrista e tecladista da banda e responsável pela pesquisa musical do filme, que ressuscitou músicas como “Miragem”, da banda Os Lobos, e “ impossível acreditar que eu perdi você”, de Márcio Greick.

E episódios bacanas não faltaram para Ladeira, o guitarrista Pedro Lima, o baixista Arnaldo Brandão e o baterista Gustavo Schroeter. A Bolha começou como The Bubbles, em 1969, tocando apenas c ov er s de bandas estrangeiras. Numa época em que instrumentos e aparelhagem de som nacionais eram muito precários, investiram pesado em equipamentos.

Esse perfeccionismo e a qualidade da banda, que acompanhou Raul Seixas e Erasmo Carlos, chamaram a atenção de Jards Macalé, que os convidou para acompanhar Gal Costa em uma série de shows na boate Sucata.

— Foram dois meses de temporada. Já havíamos terminado os ensaios quando chegou “London, London”.

Acabamos incluindo a música no show — conta Ladeira.

Depois desses dois meses, Brandão resolveu ir para Londres comprar novos equipamentos.

A banda, exceto Ladeira, embarcou junto. No caminho fizeram os três últimos shows com Gal, em Lisboa, para um programa de televisão.

Em Londres, ficaram dois dias na casa de Caetano Veloso e Gilberto Gil , em Chelsea, onde conheceram outros músicos.

Já que estavam na Inglaterra e, poucos dias depois, aconteceria o famoso festival da Ilha de Wight...

— Eu tinha comprado um gravador e qualquer farra que a gente fazia eu registrava.

Chegamos na ilha numa segundafeira, mas o pessoal que tinha a barraca só iria no dia seguinte.

Lembro-me que tinha um galpão enorme passando desenhos da Disney ao som de Pink Floyd. Tomei um ácido e fiquei por ali — conta Schroeter.

— Na quarta, rolava uma noite de artistas alternativos.

Então levei aquele gravador, um Crown, o melhor da época, para a direção do festival ouvir. Voltei e disse: amanhã, às 11h, vamos abrir o palco.

Para Schroeter, era necessário mostrar para as pessoas quem eram Caetano e Gil, e lembrar que eles estavam exilados.

Foi um verdadeiro happening: — Quebramos a organização londrina. Fizemos o único show acústico. Juntamos um monte de músicos, uns malucos que dançavam com uns sacos de dormir vermelhos.

Acabamos vendo todos os grandes artistas da época da área VIP.

Na volta, para desespero do empresário Luiz Andrade, resolveram compor suas próprias músicas.

— Ele perguntou: “Vocês estão loucos?”. O primeiro show como A Bolha, já que não poderíamos, por razões óbvias, sermos Os Bolhas, foi no Clube Tamoyo, em São Gonçalo. Tinha umas cinco mil pessoas nos esperando. Todo mundo ficou chapado. No fim do show ficaram apenas umas 500 pessoas.

Então resolvemos que o melhor seria mesclarmos o repertório — diz Lima.

Depois do sucesso, carreiras individuais A Bolha foi eleita a melhor banda do Festival Internacional da Canção de 1971 e fez participações no programa “Som Livre Exportação”. Mas problemas com a Censura, que implicou, por exemplo, com a palavra curtir, acabaram limitando a criatividade da banda. Brandão voltou para Londres a fim de estudar, e os outros três músicos tentaram seguir na estrada. A Bolha esvaziava...

Todos os músicos seguiram carreiras individuais.

Schroeter tocou com meio mundo, de Benjor à Cor do Som; Ladeira trabalhou muitos anos como produtor na Rede Globo e integrou o grupo Herva Doce, juntamente com Lima; e Brandão foi do Brylho e do Hanói Hanói.

Agora, de volta à estrada, pretendem justificar a fama de uma das melhores bandas do rock nacional. E o mentor desse reencontro, o diretor José Emílio Rondeau, fã dos longínquos tempos dos Bubbles, diz que a Bolha mantém a velha pegada.

— O grande mérito deles é que são seres humanos tocando.

Não tem programação. Depois de 30 anos de experiências individuais, voltaram com a mesma vontade.
Este Blog é criado por Leandro Robson, mais nada seria sem a ajuda de um grande coloborador - RENATO LADEIRA - guitarrista A Bolha.

6 Comments:

Blogger Antônio do Amaral Rocha said...

Gosto pra caramba da Bolha, da história da Bolha, do Cd da Bolha. Por isso fiz uma resenha sobre o CD para a Rolling Stone n. 4.
Antônio

1:50 PM  
Blogger CANTINA DO ROCK BRASIL said...

Caramba..e eu lembrando que levei quatro anos para conseguir ter o material da bolha..longa espera..so conhecia de fita k7 ..tempos modernos que beleza..parabens por todas estas informações presisas..Beleza

6:24 PM  
Blogger lll said...

Muito bom!!!! valeu!

10:24 AM  
Blogger Felippão said...

Parabéns pela iniciativa! Os caras merecem isso e muito, mas muito mais!

Abs

Felippão
Mojo Society
www.mojosociety.com.br

3:20 PM  
Blogger Unknown said...

caramba!
admiro muito o trabalho d'A Bolha!
gosto muito de rock antigo e descobri essa banda faz pouco tempo...

queria saber se alguém tem a cifra de ''Um passo a frente''...

obrigada e parabéns pelo trabalho!

2:01 PM  
Blogger Weidell said...

A Bolha é uma daquelas formas de arte que nos fazer chegar em casa, e mesmo putos da vida, ter um momento de encontro com o universo! Sem exagero, me sinto um cara de muita sorte por ter conhecido o som, através da internet. "Um passo a frente" me elevou musicalmente como há anos não acontecia. Obrigado por contribuir para o enriquecimento cultural de nossa bela música boa.

4:00 PM  

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